O especialista Rodrigo Balassiano frisa que nos últimos anos os fundos multimercado têm enfrentado um cenário cada vez mais desafiador. A combinação de eventos globais imprevisíveis, como crises sanitárias, tensões geopolíticas e mudanças abruptas em políticas monetárias, elevou a volatilidade dos mercados. Nesse contexto, a administração eficaz desses fundos exige estratégias mais robustas e uma leitura atenta do cenário macroeconômico.
Como a volatilidade impacta os fundos multimercado?
A volatilidade afeta diretamente o desempenho dos fundos multimercado por envolver ativos de diferentes classes – renda fixa, variável, moedas e derivativos. Quando há incerteza nos mercados, os preços desses ativos tendem a oscilar de forma mais intensa, exigindo dos gestores maior agilidade na tomada de decisões. O risco, que já é inerente a esse tipo de fundo, se intensifica, tornando a gestão ativa ainda mais crucial.
Ademais, movimentos abruptos nos juros e nas moedas afetam os modelos de precificação e as estratégias de alocação. Rodrigo Balassiano explica que os fundos que antes se beneficiavam de cenários previsíveis passaram a ter dificuldade em capturar ganhos consistentes. Assim, compreender o novo comportamento dos mercados se tornou essencial para manter a performance e controlar perdas. Isso tem exigido uma reavaliação constante das carteiras e da relação entre risco e retorno.
Quais estratégias os gestores têm adotado?
Uma das principais respostas à volatilidade tem sido o aumento da diversificação das carteiras. Gestores têm buscado alocar recursos em ativos com correlações negativas, a fim de compensar perdas em determinados segmentos com ganhos em outros. A utilização de derivativos para proteção também se intensificou, permitindo mitigar oscilações mais severas sem comprometer o potencial de retorno.

Outra abordagem crescente é a análise macroeconômica dinâmica, com o uso de cenários múltiplos para embasar as decisões de alocação. Rodrigo Balassiano informa que, em vez de seguir estratégias lineares, os fundos passaram a considerar diferentes possibilidades de desdobramento econômico. Essa postura mais flexível tem se mostrado eficaz em adaptar os fundos aos ciclos rápidos do mercado, reduzindo os impactos negativos de choques inesperados.
O que os investidores podem aprender com os últimos anos?
Os eventos recentes ensinaram que retornos passados não garantem resultados futuros, especialmente em um ambiente volátil. Para o investidor, isso significa que a escolha de fundos deve ir além da rentabilidade histórica, focando também na resiliência das estratégias e na qualidade da gestão. Transparência, disciplina e capacidade de adaptação se tornaram características ainda mais valiosas em um gestor de fundo.
Além disso, ficou claro que o perfil de risco do investidor deve estar bem alinhado à proposta do fundo. Em tempos de incerteza, a tolerância à volatilidade se torna um diferencial importante. Rodrigo Balassiano destaca que investidores mais bem informados tendem a lidar melhor com os ciclos negativos e a manter o foco no longo prazo, evitando decisões impulsivas que podem comprometer os resultados.
Resiliência é a chave em tempos incertos
A administração de fundos multimercado em cenários voláteis exige preparo técnico e visão estratégica. Os gestores que conseguiram navegar com sucesso pelos últimos anos foram aqueles que souberam adaptar suas carteiras rapidamente e que mantiveram uma postura flexível diante do imprevisível. Para o investidor, a lição que fica é clara: mais do que perseguir altos retornos, é essencial buscar consistência e alinhamento com seu perfil. Em um mundo cada vez mais incerto, a resiliência se tornou o verdadeiro diferencial.
Autor: Nikita Cherkasov