De acordo com o médico Gustavo Khattar de Godoy, o envelhecimento populacional é um dos fenômenos mais marcantes do século XXI, resultado de avanços na saúde pública, tecnologia médica e melhorias nas condições de vida. Com mais pessoas vivendo por mais tempo, a medicina se vê diante de novos desafios: cuidar não apenas de doenças, mas da complexidade de viver mais com qualidade.
Nesse novo cenário, a geriatria ganha protagonismo e se torna peça-chave para um sistema de saúde mais humano, eficaz e preparado para o futuro. Saiba mais, a seguir!
Quais são as doenças mais prevalentes entre os idosos e como elas exigem abordagens específicas?
Com o avançar da idade, o Dr. Gustavo Khattar de Godoy explica que aumenta a incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes, osteoporose, demências e cardiopatias. Ao contrário de condições agudas, essas doenças muitas vezes não têm cura e precisam ser acompanhadas por longos períodos, exigindo planos terapêuticos personalizados.

Além disso, múltiplas doenças coexistem em um mesmo paciente, o que demanda uma abordagem médica que vá além da especialização fragmentada e leve em consideração o idoso como um todo. Isso inclui entender os impactos funcionais, emocionais e sociais dessas doenças, e também a capacidade do paciente e da família de aderirem aos cuidados propostos.
O que é a polifarmácia e por que ela representa um risco para a população idosa?
Polifarmácia é o uso simultâneo de múltiplos medicamentos, algo extremamente comum entre idosos devido à presença de várias doenças crônicas. Segundo o doutor Gustavo Khattar de Godoy, embora muitas vezes necessária, essa prática pode trazer sérios riscos, como interações medicamentosas, efeitos adversos e aumento das internações hospitalares.
Em muitos casos, os medicamentos são prescritos por diferentes especialistas, sem uma avaliação integrada. A medicina geriátrica atua justamente nesse ponto: revisar as prescrições, identificar medicamentos potencialmente inapropriados, simplificar os esquemas e avaliar se os benefícios ainda compensam os riscos. Afinal, a meta não é apenas tratar doenças, mas garantir qualidade de vida e evitar iatrogenias.
Como a medicina geriátrica lida com a manutenção da autonomia do idoso?
Um dos principais focos da geriatria é preservar a autonomia e a funcionalidade do paciente pelo maior tempo possível. Isso envolve avaliações periódicas das capacidades físicas, cognitivas e emocionais, bem como intervenções personalizadas que vão desde fisioterapia até adaptações ambientais. A medicina geriátrica entende que envelhecer com dignidade não significa apenas viver mais, mas continuar exercendo controle sobre a própria vida.
Conforme o doutor Gustavo Khattar de Godoy, com o aumento da longevidade, cresce também o número de pessoas que convivem com doenças incuráveis ou em estágios avançados. Nesse contexto, os cuidados paliativos tornam-se essenciais. Eles não são sinônimo de fim de vida, mas de cuidado ativo voltado ao alívio do sofrimento — físico, psicológico e espiritual — de pacientes com doenças ameaçadoras da vida.
Estamos preparados para um futuro em que os idosos serão a maioria?
Por fim, o envelhecimento populacional já é uma realidade em muitos países e será um desafio crescente para os sistemas de saúde, economia e relações sociais. Para o Dr. Gustavo Khattar de Godoy, preparar-se para esse futuro exige mais do que criar serviços: é preciso mudar mentalidades. A medicina geriátrica surge como resposta concreta a essa nova era, mas também como provocação: como queremos envelhecer? A resposta está na valorização do cuidado, da escuta e do respeito.
Autor: Nikita Cherkasov